Muitos Amigos e Companheiros têm reclamado que gostariam de conhecer minhas opiniões sobre os assuntos do dia-a-dia, sobre as matérias dos noticiários, etc. Sempre ignorei tais instâncias porque, em primeiro lugar, pouca importância dou ao que a imprensa burguesa veicula, e, segundo, não entendo a relevância da opinião pessoal de um indivíduo que nunca se notabilizou em coisa alguma e que é o famoso “ilustre desconhecido”. Mas, de uns tempos a esta parte, as solicitações estão se tornando mais constantes e algumas até raiando a impertinência, então, resolvi atender ao pedido. Todavia, posso adiantar que, para a decepção geral, minhas opiniões, via de regra, discordam da opinião dominante, são politicamente ultra incorretas e chocarão certamente a sensibilidade burguesa.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Um caos proposital

É de domínio público a péssima qualidade do transporte coletivo na Cidade do Rio de Janeiro. Acumpliciando-se com as Empresas de Ônibus, as Autoridades Municipais têm criado supostos corredores expressos que, com uma fictícia agilização dos percursos, têm justificado a diminuição dos ônibus circulantes (e, consequentemente, de toda a mão de obra envolvida); proibiram o chamado transporte alternativo em toda a Zona Sul e outras medidas que só visam encher os bolsos dos empresários do setor. Para fingir “transparência” criou-se uma CPI na Câmara dos Vereadores, que não vai dar em nada, pois, segundo as más línguas, cada Vereador recebe um polpudo “pró-labore” da Fetranspor.

Mas seria injusto que levantasse suspeição apenas sobre o Pior Prefeito da História do Rio de Janeiro, o sr. Eduardo Paes, pois, se é verdade que Sua Excelência é o responsável direto em relação ao desastroso serviço dos ônibus, já o mesmo não podemos afirmar, por exemplo, em relação aos trens.

A sistemática destruição de toda a malha ferroviária brasileira, não começou hoje. Segundo Manoel de Paula Lopes, em artigo publicado há 20 anos, tal processo iniciou-se no Governo Jânio Quadros e prosseguiu ininterruptamente.

No que concerne a Cidade Maravilhosa, a população Carioca tem convivido com um pavoroso transporte ferroviário há décadas, e não posso assim colocar a culpa no atual Prefeito que, quando muito, pode ser recriminado por nunca ter tomado qualquer providência para melhorar o transporte ferroviário de passageiros.

Quando da privatização da Central do Brasil, os ingênuos acreditaram que tudo mudaria, afinal, a culpa era do Estado. Com a iniciativa privada os trens seriam maravilhosos. No entanto, o serviço piorou muito, os atrasos se tornaram institucionais, os defeitos corriqueiros, os acidentes comuns, a superlotação uma realidade diária, composições de quatro carros em dias e horários de pico e de oito carros aos Domingos, enfim, toda uma série de decisões operacionais estúpidas. Os problemas multiplicam-se dia-a-dia e nem a SuperVia, nem a Secretaria de Transporte ou qualquer órgão público tomam qualquer providência.

Ora, faço aqui a célebre pergunta: A quem interessa o crime? Logicamente, àqueles que tiram proveito do mesmo. E quem são eles? Por certo, não a própria SuperVia. Quem, então? A máfia dos ônibus!

Um transporte rápido, barato e eficiente por via ferroviária resultaria num esvaziamento dos ônibus para os grandes trajetos naquelas regiões e bairros atendidos pela SuperVia. Já um transporte ferroviário lento, irregular, de atrasos frequentes, sem conforto, perigoso e ineficiente só pode resultar na fuga dos passageiros para os ônibus, com incremento do lucro para os empresários do setor, e perda de substancial receita para a SuperVia.

O surpreendente é que a Odebrecht, a atual dona da SuperVia, não parece estar suficientemente preocupada com a situação. Certamente, na massa dos empreendimentos da Odebrecht, a SuperVia possa parecer insignificante, mas, qualquer empresa numa sociedade capitalista que não priorize a realização do máximo lucro e deixe “ao Deus dará” a administração de uma de suas empresas, não sanando os problemas e punindo exemplarmente as sabotagens internas, não merece a confiança dos seus Acionistas. E ainda me pergunto:  Se os Executivos da Odebrecht estão se comportando de forma tão irresponsável em relação à SuperVia, como estarão sendo geridos os demais negócios do Grupo? Se eu fosse acionista da Odebrecht colocaria minhas barbas de molho.


Anauê!

domingo, 11 de agosto de 2013

E o “Bom Combate”, onde foi parar?

Em Artigo anterior falei da J.M.J., e neste volto a tratar do mesmo tema, porém, abordando outro ângulo, muito mais grave.

Conversando com um dos expoentes do Laicato Católico, um nome conhecido nacionalmente, semanas antes do início das Jornadas Mundiais da Juventude, ele se manifestou apreensivo com a “instrumentalização” da J.M.J. Ingenuamente, julguei exagerada tal preocupação. No entanto, pelo que foi visto, ele estava coberto de razão e eu não poderia estar mais errado.

Seria longo e fastidioso relatar o que vimos e ouvimos, mas, para exemplificar como as forças anticristãs souberam “instrumentalizar” as Jornadas basta referir que o frade apóstata Leonardo Boff, com toda a pompa e circunstância, lançou Livro com sua visão herética sobre o novo Pontificado. Outro episódio ainda mais notório, a péssima cantora Fafá de Belém torturando os ouvidos Papais em “show” na Praia de Copacabana; e lembramos que na década de 90 ela já havia igualmente torturado João Paulo II no Maracanãzinho. Resta concluir que o “lobby” desta sra. junto a CNBB é forte, muito forte mesmo, afinal o que mais poderia explicar que uma ateia, comunista, pró-aborto, pró-eutanásia, pró-casamento “gay”, etc., fosse convocada para cantar para dois Papas num espaço de 20 anos? Será que ter tido um “romance” com o nada saudoso Senador Teotônio Vilela – que a terra lhe seja bem pesada -, e que era irmão de Dom Avelar Brandão Vilela, Primaz do Brasil, é uma credencial válida para os Bispos Brasileiros? Mas, deixemos esta podridão de lado e vejamos algo muito mais grave.

Como todos sabem trava-se hoje no Brasil um duro combate pela preservação da Vida desde o momento da Concepção. A luta pela legalização do aborto, desde que foi colocada na agenda do famigerado Diálogo Interamericano, e que a versão deste para o consumo dos idiotas úteis de esquerda, o mal denominado Foro de São Paulo, também o fez, repito, a luta pela legalização do aborto tornou-se uma constante nos meios de comunicação de massa, uma brutal lavagem cerebral que, pouco a pouco, vai vencendo a repugnância do Povo Brasileiro,  que é na sua maioria contra o assassinato de crianças ainda por nascer. Os que são contra o abortamento, dispondo de meios de comunicação de muito menos visibilidade, mesmo assim, estão conseguindo conscientizar a Opinião Pública Brasileira da monstruosidade que é o aborto. Ora, entre os que combatem este horripilante infanticídio estão os Católicos, no entanto, foram proibidas as manifestações Pró-Vida na J.M.J., ou seja, no momento que toda a chamada grande imprensa (falada, escrita e televisionada) cobria exaustivamente as Jornadas e, portanto, não poderiam deixar de exibir mensagens ou quaisquer manifestações Pró-Vida, houve tal proibição. Uma oportunidade única de atingir 200 milhões de Brasileiros  foi desperdiçada. Uma estupidez monumental!

Ao invés de sustentar desassombradamente a Vida, a Hierarquia Católica preferiu silenciar em troca do financiamento de grande parte das despesas com a J.M.J., e a visitação do Santo Padre ao Brasil.  Não por acaso tão logo o Papa Francisco retornou à Cidade Eterna foi aprovada a “profilaxia da gravidez”. Assim, os Bispos responsáveis conseguiram fundir num só episódio, a Matança dos Inocentes e as 30 Moedas de Judas Iscariotes.

No lugar de uma incisiva posição contra o aborto insistiu-se num discurso contra as drogas que, não deixando de ter importância, está longe de ter a relevância da Defesa da Vida desde a Concepção. Todo mundo falou contra as drogas, inclusive o Papa, que certamente o fez informado erroneamente de que as drogas eram o problema central dos Jovens no Brasil. Indiscutivelmente, as drogas são tremendamente prejudiciais, porém, jamais terão a ação devastadora do genocídio legalizado com a liberalização do aborto. A farsa antidroga foi até o ponto de levarem Sua Santidade a “inaugurar” um Hospital com mais de 250 anos de fundação, e que no seu atual endereço na Tijuca já ultrapassou a casa dos 100 anos de existência. Ora, que o Papa “que  veio de longe” não o soubesse é compreensível, mas, que o Arcebispo do Rio de Janeiro ousasse fazer com que o Sumo Pontífice participasse daquela pantomima é chocante! Mas, que esperar de um Cardeal que queria despachar o Papa Francisco para um lodaçal “bem longe”, lá em Guaratiba...

Capa do Livro sobre o Centenário (1977) do Hospital que o Papa Francisco "inaugurou"...

Enfim, a Igreja no Brasil mostra estar pouco sintonizada com os novos e arejados ventos que sopram de Buenos Aires, via Roma, de onde procede a orientação de que os jovens sejam revolucionários e contracorrente, enquanto a Hierarquia aqui no Brasil segue o “politicamente correto” e submete-se burguesamente as injunções do Poder, desde que uma fatia do bolo lhe seja atirada, exatamente como se atira um osso ao cão dócil que lambe as mãos do dono.

Felizmente, porque Deus é Brasileiro e o Papa é Argentino, com certeza veremos nos próximos meses muitas mudanças dentro da Igreja na Terra de Santa Cruz.


Anauê!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Campo da Fé ou Campo da má fé?

Apesar de todos os esforços da grande imprensa em escamotear os abusos em torno do chamado “Campo da Fé” ficou claro aos mais perspicazes que, desde o início sabia-se que o mesmo era de uso impraticável para o propósito colimado: Reunir não menos de dois milhões de Pessoas.

Não estou me referindo apenas ao atentado ecológico cometido, mas, também a escolha do terreno em si, que, por coincidência, pertence ao famigerado Jacob Barata, o tubarão dos meios de transporte no Rio de Janeiro. Com tantos terrenos extensos disponíveis na Zona Oeste optaram logo pelo Campo de Jacob? A Igreja pagou regiamente pelas benfeitorias lá realizadas, e o sr. Barata, como “bom Católico” fez secção gratuita do terreno para as Jornadas Mundiais da Juventude – J.M.J.

Qualquer um que more no Rio de Janeiro e não tivesse interesses monetários vinculados à festividade, nem estivesse com o raciocínio embotado pelo evento religioso sabia perfeitamente que o local escolhido era inapropriado, principalmente porque a meteorologia prognosticava o mais frio inverno dos últimos 25 anos, com chuvas copiosas, o que tornaria necessariamente o Campo da Fé um vasto lamaçal, um atoleiro. O Prefeito não sabia disso? O Cardeal não estava informado? Os empreiteiros ignoravam o fato? O Governador não sabia? O tal General encarregado da segurança? E o sr. Barata? No entanto, muito dinheiro trocou de mãos.

Então, depois que o Prefeito fez e pagou uma Promessa a Santa Clara, mandando entregar uma dúzia de ovos no Convento das Clarissas, raiou o Sol e a Solenidade principal das J.M.J. – a Missa Campal – realizou-se nas mornas areias da Praia de Copacabana para a alegria geral de três milhões e meio de Fiéis Católicos, que não tiveram mais que deslocar-se para os cafundós de Guaratiba, e com ganho financeiro para muitos empresários.

Se o Catolicismo no Brasil obteve alguma vantagem com a J.M.J, não sei. Mas, certamente, o sr. Jacob Barata lucrou imensamente: Dono de um vasto elefante branco, um loteamento que não se realizou, e cujo aproveitamento ficou tremendamente dificultado com as legislações ambientalistas, a escolha de seu terreno caiu do Céu – ou caiu da São Clemente? -, pois, passando por cima de posturas e licenças ambientais, a Arquidiocese do Rio de Janeiro “urbanizou” para o sr. Jacob aquela sua propriedade. Se ficasse por aí, já estava de bom tamanho. Mas, abençoado pelo sr. Eduardo Paes, o terreno do sr. Barata será desapropriado, por via judicial – o Prefeito deseja que a avaliação do “Campus Fidei” seja de responsabilidade de peritos indicados pelo Poder Judiciário certamente para que não paire dúvida sobre a lisura na desapropriação... -, ficando o empresário finalmente livre daquele abacaxi imobiliário, com grande lucro, não importando quão baixo seja o valor da desapropriação, pois o adquiriu na bacia das almas e também porque não se sentia encorajado a fazer as obras de infraestrutura necessárias para levar avante o loteamento, uma vez que as licenças do famigerado INEA - comandado pelo “honesto” Carlos Mink -, seriam contestadas tão logo iniciasse qualquer obra por lá.

De todo o espetáculo que foi a JMJ ficou claro que:
2º) que o sr. Eduardo Paes continua sendo o Menino de Ouro da Fetranspor;
3º) e não menos importante, o Sr. Jacob Barata é o verdadeiro Padrinho Político do sr. Eduardo Paes. E, como diz o nosso Povo sempre tão Sábio: Quem tem padrinho, não morre pagão!

Enfim, cabe ao meu Leitor responder se o mar de lama do Campo da Fé deixado como única herança aos Cariocas resultou em Fé de mais ou Fé de menos.


Anauê!